15/09/2010

Bate PAPO Francisco Michielin

Bate PAPO Francisco Michielin


      CARTA ABERTA A UM SOPRADOR DE APITO
 
Meu nada cordial Vinícius Costa:
     Felizmente, eu não estava aqui. Sorte sua. Porque, se estivesse, certamente seus ouvintes haveriam de se entupir com as palavras que o senhor fez por merecer. Que arbitragem!
    Olha só o que resultou: a essa altura, o meu clube, o JUVENTUDE, poderia estar com nove pontos, lutando por sua classificação. Nem vou me referir ao adversário e qual a pontuação real que hoje teria. Não é nosso problema. O que nos interessa é o clube de nossas paixões.
    Lastimavelmente, seu relógio e seus critérios de descontos, conseguiram superar e dar aula até para os maiores apitadores internacionais. Nem na Copa do Mundo se verificou coisa parecida.
    Cinqüenta e um minutos! Por que não sessenta? Ou não bastariam 48 ou, quanto muito, 49?
    De uma coisa, eu e toda a imensa torcida alviverde temos uma grande e concreta certeza: se fosse no Alfredo Jaconi, de jeito nenhum o senhor teria se permitido a um tempo suplementar tão longo. Ah, isso não!
    Claro, estou me referindo no caso de estarmos, como estávamos, em vantagem no marcador. Em nosso estádio, o senhor pensaria não uma, mas dez vezes. Cinqüenta e uma, talvez! Mas, não levaria as coisas para uma prorrogação interminável, que, em clássicos, o recomendável é bom senso, coerência e cautela.
    Aliás, falando em Alfredo Jaconi: não o queremos ver por perto, nem mesmo nas ruas próximas. Não o desejamos mais, nunca mais, apitando partida em que o nosso clube esteja envolvido. Faça o grande favor de manter a devida distância.
     Uma distância que, circunstancialmente, nos botou numa situação extremamente delicada e deveras complicada. Faltou-lhe, sabe, aquele toque de sabedoria. A capacidade de discernir e concluir que, está bem, quatro, no máximo, cinco minutos de descontos já estavam de bom tamanho. Sabe-se lá o que se passou por sua cabeça.
    Creio, sinceramente, que seus neurônios pisaram na bola e foram maus conselheiros.
    Questão, também, de inteligência, que, às vezes fica em dívida, mesmo com os melhores sopradores de apito.
     Enquanto isso, estádios são interditados, dirigentes punidos, jogadores suspensos. E os grandes responsáveis passam incólumes.
     Lamento a sua atuação, eu, que, palavra de honra, o tinha como um dos mais promissores árbitros gaúchos. Enganei-me redondamente. Que decepção! Que pena tudo isso! Daí, não lhe enviar os meus abraços e, sim, os meus mais sentidos pêsames.