20/08/2010

PERIQUITO por Mário Grazziotin

PERIQUITO por Mário Grazziotin


VENCER OU VENCER.
 
 
O Juventude sem mim é o Juventude. Eu sem o Juventude sou quase nada e por isto, neste domingo, mais do que nunca vou estar no estádio Alfredo Jaconi para exigir dos deuses, a quem falarei ao pé do ouvido, que não quero ver enrolada a bobina dos meus pensamentos verdoengos. Meu corpo vai viver e respirar enquanto as funções da inteligência ficarão suspensas e meus sonhos de vencer serão ultrapassados pela realidade, quer dizer, ganharemos.
 
Não me importa os nossos adversários pensarem que neste ano a torcida do Juventude viveu um romance sem ficção, até agora um drama, quase uma tragédia porque procurou em si os pares, acertou os passos e dançou em desacordo com a música.
 
Neste domingo quero ser Juventude, porque eu sem ele quase nada sou e ele sem mim continua sendo o Juventude. Vou esquecer tudo, quero vencer.
 
Cada uma das minhas metades não existe sem a outra e vou juntá-las no Jaconi, meu peito será arena de touros onde lutarão a liberdade e a alegria, os adversários, se quiserem fugir do inferno verde, terão passagem pelo purgatório, vou dizer ao meu coração que pare de me assustar e não me responda que está cansado de suportar o meu corpo, os sofrimentos semanais e os exageros deste campeonato.
 
Neste domingo vou embora das idéias do meu pai e sentir saudades pelo avesso, vou regressar ao Jaconi saindo da minha casa, terei duas memórias e uma só pátria, entanto quero retornar com tempo para dedicar ao velho a alegria de ter participado de uma vitória, de ter apagado a fagulha dos xavantes a quem jantaremos com uma fome saudável e urgente, como um vulcão jorrando chamas pelas ventas.
 
Vou retornar com meu filho para dar a boa nova ao velho: ‘vencemos e acabamos de tirar um manicômio de dentro de nós, o futebol é mesmo um valium coletivo’.